19 de mar. de 2025

Entre Resistência e Inovação: Como as Pessoas Realmente se Comportam na Adoção de IA

Entre Resistência e Inovação: Como as Pessoas Realmente se Comportam na Adoção de IA

Como a cultura organizacional e as atitudes individuais moldam o destino das iniciativas de IA

Entre Resistência e Inovação: Como as Pessoas Realmente se Comportam na Adoção de IA
Entre Resistência e Inovação: Como as Pessoas Realmente se Comportam na Adoção de IA
Entre Resistência e Inovação: Como as Pessoas Realmente se Comportam na Adoção de IA

Comportamento humano na intersecção entre resistência e transformação

A transformação digital representa um dos maiores paradoxos organizacionais de nosso tempo. Por um lado, colaboradores anseiam por ferramentas que eliminem tarefas repetitivas e aumentem sua produtividade. Por outro, exibem resistência natural quando essas mesmas ferramentas ameaçam alterar seus fluxos de trabalho estabelecidos. Esta dualidade - entre o desejo por evolução e o conforto com o familiar - define os desafios comportamentais em projetos tecnológicos.

Estudos recentes sobre implementações globais de tecnologias emergentes revelam padrões humanos consistentes que transcendem setores e geografias. Podemos observar uma dinâmica fascinante: as mesmas pessoas que adotam rapidamente inovações em suas vidas pessoais frequentemente mostram hesitação quando essas tecnologias redesenham suas responsabilidades profissionais.

A seguir, exploramos três exemplos detalhados que ilustram as complexidades do comportamento humano em projetos de transformação digital, baseados em dados concretos de implementações recentes de inteligência artificial em organizações globais.

1. O paradoxo da supervisão humana em outputs de IA generativa

Um dos achados mais reveladores do relatório McKinsey é a ampla variação na forma como as organizações monitoram os resultados de IA generativa. Os dados mostram uma divisão quase igual entre dois extremos: 27% das organizações revisam absolutamente todo o conteúdo criado por IA generativa antes de seu uso, enquanto 30% revisam apenas 20% ou menos desse conteúdo.

Esta polarização reflete um paradoxo comportamental fundamental: mesmo quando implementam tecnologias para aumentar a eficiência, muitos profissionais sentem necessidade de manter controle total. Em setores como serviços profissionais, jurídicos e de negócios, essa tendência é ainda mais pronunciada, com a grande maioria dos profissionais insistindo em revisar cada output de IA.

O relatório destaca que esta dicotomia não é aleatória, mas segue padrões específicos relacionados à cultura organizacional. Nas empresas onde líderes seniores modelam ativamente o uso de IA generativa (37% das organizações), a confiança nos outputs sem revisão extensiva é significativamente maior. Por outro lado, em organizações que não estabeleceram abordagens abrangentes para fomentar confiança no uso de IA generativa, a revisão manual extensiva persiste mesmo quando demonstravelmente desnecessária, evidenciando como a desconfiança no desconhecido pode comprometer ganhos de eficiência.

2. A evolução das expectativas sobre o impacto na força de trabalho

O relatório revela uma mudança significativa na percepção sobre como a IA afetará o tamanho das equipes. Contrariando narrativas alarmistas sobre desemprego tecnológico massivo, a pluralidade dos respondentes (38%) acredita que a IA generativa terá pouco efeito no tamanho geral da força de trabalho nos próximos três anos.

Mais revelador ainda é o mapeamento detalhado das expectativas por função de negócio. Em áreas como operações de serviço e gestão de cadeia de suprimentos, os respondentes esperam reduções de pessoal (mais de 48% prevendo alguma diminuição). Contudo, em TI e desenvolvimento de produtos, a expectativa predominante é de aumento no quadro de funcionários.

Esta nuance comportamental demonstra como a resistência à mudança é contextual e não universal. Profissionais não rejeitam tecnologia em si, mas respondem a ameaças percebidas às suas funções específicas. O relatório evidencia que a resistência é menor onde a IA é vista como amplificadora de capacidades em vez de substituta.

Um dado particularmente interessante é que, quando questionados pessoalmente, os executivos C-level são mais otimistas sobre o aumento de pessoal do que gerentes de nível médio. Esta discrepância revela um desalinhamento de percepções entre quem toma decisões estratégicas e quem as implementa, criando potenciais barreiras comportamentais à adoção bem-sucedida.

3. O descompasso entre uso individual e transformação organizacional

Um dos padrões mais fascinantes observados no relatório é o crescimento expressivo no uso individual de IA generativa, especialmente entre executivos C-level. O relatório documenta que 53% dos executivos C-level agora usam regularmente IA generativa para trabalho, comparado com apenas 44% dos gerentes de nível médio.

Este padrão inverte a tendência típica de adoção tecnológica, onde inovações geralmente fluem de baixo para cima nas organizações. Mais revelador ainda, apesar do uso individual extensivo, apenas 21% das organizações redesenharam fundamentalmente seus fluxos de trabalho como resultado da implementação de IA generativa.

Este descompasso ilustra um fenômeno comportamental crítico: a diferença entre uso pessoal e transformação sistêmica. O relatório mostra que muitas pessoas adotam novas tecnologias para aumentar sua produtividade individual, mas resistem a mudanças mais profundas nos processos organizacionais.

A McKinsey destaca que nas organizações onde os líderes não apenas usam IA individualmente, mas também "modelam ativamente seu uso" para outros (como acontece em 37% das empresas), a disposição para redesenhar fluxos de trabalho é significativamente maior. Este dado revela como comportamentos de liderança visíveis – não apenas diretrizes – são cruciais para superar a inércia organizacional.

Curiosamente, o relatório observa que entre as práticas que mais impactam positivamente o EBIT está o "rastreamento de KPIs bem definidos para soluções de IA generativa", mas apenas 18% das organizações o fazem. Esta discrepância sugere que mesmo quando benefícios são tangíveis, a resistência comportamental à implementação de novas métricas e processos de avaliação pode persistir.

Conclusão

O relatório da McKinsey nos mostra que a transformação digital é, em sua essência, uma jornada profundamente humana. Quando organizações implementam tecnologias de IA, não estão apenas enfrentando desafios técnicos, mas navegando por complexidades comportamentais profundamente enraizadas.

A resistência à mudança não é irracional, mas uma resposta natural à incerteza que pode ser mitigada através de liderança visível, comunicação transparente sobre impactos nas funções específicas, e o envolvimento ativo na redefinição de como o trabalho é realizado. As organizações que reconhecem estes padrões comportamentais e os abordam diretamente estão posicionadas para transformar não apenas suas tecnologias, mas as pessoas que as utilizam.

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